Técnico em manutenção sugere que síndicos façam um ‘checklist’ para verificar equipamentos, como bombas e elevadores, e as principais instalações dos prédios

Com o objetivo de diminuir o avanço do coronavírus, muitos condomínios do Rio decidiram fechar suas áreas de uso comum para diminuir a circulação e o contato entre as pessoas.

Mas não é porque piscinas, churrasqueiras e salões de festas dos prédios estão fechados que devem ser abandonados durante a pandemia. A orientação vale também para as instalações que ficam isoladas, como bombas e instalações de gás.

Depois de mais de dois meses fechadas é preciso ficar atento à manutenção para evitar problemas ainda maiores.CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

Mesmo com fluxo menor de moradores no prédio, alguns equipamentos requerem cuidados específicos, como destaca o gerente de negócios da administradora de condomínios APSA, Alan Galvão.

“Muitos equipamentos, quando permanecem fora de uso, se deterioram e podem ficar danificados a ponto de terem que ser substituídos”, explica Galvão.

Galvão lembra que peças como bombas de piscina, maquinário das saunas, esteiras, geradores e aparelhos de ar-condicionado, mesmo que não estejam sendo utilizados, precisam ser ligados de vez em quando.

Já a gerente de condomínios Arlete Fernandes, da Pacífica Administradora de Imóveis – que administra condomínios no Rio, Niterói e São Gonçalo – diz que a última orientação que passou aos síndicos foi a suspender qualquer obra que não seja emergencial.

“Os síndicos dos 40 prédios que administro estão bem tranquilos e conscientes. Fecharam os espaços de lazer, como piscinas que foram tratadas e cobertas. E os porteiros-chefes e zeladores ficam encarregados de colocar equipamentos, como os aparelhos de ar-condicionado dos salões de festa para funcionar durante 15 minutos diariamente. Todo mundo está muito atento aos cuidados com os equipamentos, até porque as empresas de manutenção também reduziram o ritmo de trabalho por causa do coronavírus”, disse Arlete.CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

Para que nenhum cantinho do condomínio seja esquecido durante o isolamento social, o especialista em manutenção Jorge Santos sugere que síndicos façam um ‘checklist’ para verificar equipamentos e as principais instalações dos prédios.

Confira abaixo o que merece atenção especial:

Manutenção de elevadores e jardins

A síndica Patrícia Faria, do Edifício Presidente Penna, em Copacabana, na Zona Sul do Rio, pensou em manter o elevador de serviço desligado para reduzir custos, mas a medida não deu certo.

“Os elevadores são muito antigos e começaram a dar problema. O elevador de serviço era desligado às 22h e religado às 6h. Só que na hora de religar, ele dava defeito e tinha de chamar a manutenção. Percebemos que era melhor deixá-lo ligado do que ter aquele entra e sai de técnicos circulando pelo prédio, nesse momento de isolamento social”, disse Patrícia, que diz que desde o início da pandemia higieniza até as bolsas dos entregadores para evitar o contágio no prédio.

No Edifício Garanhuns, em Laranjeiras, também na Zona Sul, a síndica Adriana Lorete suspendeu as obras que estavam previstas na cisterna e na tubulação de esgoto, na garagem. O parquinho para as crianças foi fechado, mas ela manteve a manutenção do jardim.

“Não é um serviço essencial, mas tem uma senhora que desce todos os dias para pegar sol. Outros moradores passeiam com o cachorro em horários diferentes, então mantivemos o jardineiro, que mantém a área limpa e cuidada. Não dispensamos nenhum funcionário, até porque o trabalho aumentou. Todos os dias os corredores, os faxineiros passam pano com água sanitária e borrifam álcool nos três elevadores, na escadaria da entrada, no hall e corredores e escadas dos 13 andares do prédio”, disse Adriana, que fez uma escala de 12 horas de serviço por 36 horas de descanso para que eles não precisem trabalhar diariamente.

Além da distribuição de Equipamentos de Proteção Individual para os funcionários do condomínio e da disponibilização de álcool 70° e em gel na portaria e nos acessos ao prédio, tanto Patrícia quanto Adriana tiveram de aprender a lidar com problemas que surgiram após a quarentena.

Como os restaurantes das ruas próximas ao prédio de Patrícia fecharam, os ratos passaram a invadir a lixeira do edifício, em busca de comida. Ela teve de providenciar serviços de dedetização e desratização de emergência. A pandemia também trouxe outro tipo de inconveniente para a portaria.

“Aqui em Copacabana tem muito botequinho funcionando e parece que as pessoas estão bebendo mais. As brigas aqui nas redondezas aumentaram e a gente teve de contratar um vigia para evitar as arruaças e aglomerações aqui na porta”, contou Patrícia.

No Garanhuns, Adriana usou da criatividade para evitar a entrada de entregadores. As encomendas já pagas pela internet são recebidas pelo porteiro – de luvas e máscara – e colocadas numa mesinha de armar instalada num dos três elevadores. No caso de entregas mais volumosas, de supermercados, o porteiro pega as encomendas num carrinho que fica na garagem e despacha pelo elevador.

“O elevador também funcionava como quadro de aviso, onde os moradores eram informados sobre o que acontecia no condomínio. Como agora a frequência no elevador é bem menor, criei um grupo do condomínio no Whatsapp e todo mundo é informado sem precisar correr riscos”, conclui Adriana.

Fonte: https://g1.globo.com